domingo, abril 24, 2005

Há coisas fascinantes...


Como, por exemplo, o Sr. Leitão, da retrosaria, dizer que "se ganhasse o euromilhões, em vez de abir a loja às 10, abria às 10.30..."
Fascinante, fascinante....há malucos para tudo....

sábado, abril 23, 2005

A Feira de Março

Ah! De volta à terra, depois de quase um mês e meio de ausência... "O meu retiro espiritual Zen....", pensa a sangria, mesmo ainda antes de chegar - mais ou menos em Leiria, quando a chuvinha fdp a recebe na auto-estrada. E, desta vez, a sangria vinha mesmo com propósitos de se empaturrar com conchinhas, peixinhos, espargos e búzios de ovos moles (sim, porque, ao contrário do que se pensa por aí, as pessoas da terra nem sempre vivem mergulhadas quotidianamente nas maravilhas gastronómicas que oferecem.... e, acreditem ou não, só quando as oferecemos é que as comemos....o que até parece um bocado mal. E o típico "se eu vivesse em Aveiro passava a vida a comer caldeirada de enguia, raia e ovos moles" já cheteia. É mentira.) Como dizia, vinha eu, sedente de pasmaceira, de ovos moles, do café de bairro, etc etc. Mas, mal tinha pousado a mala no chão, bombardearam-me a desejada paz com um "Vamos à Feira!". E aqui pára tudo. A Feira....

A Feira em questão é a "Feira de Março" (para o pessoal da capital, é a "Feira Popular" daqui da terra). A Feira de Março chama-se assim porque começa dia 25 de Março e acaba dia 25 de Abril. Sim, não se podia chamar "Feira de Abril", claro que não. É mesmo "Feira de Março". Não sei como nasceu, mas já é uma tradição. E, como devem calcular, tem história em mim.

O que é importante saber, em primeiro lugar, sobre a Feira é que chove sempre. O mês todo (de 25 de Março a 25 de Abril). Nunca percebi porque é que não alteravam a data do evento, se chovia sempre. Mas, provavelmente, se passasse a ser de 25 de Abril a 25 de Maio, choveria na mesma. O mês todo. Portanto, a chuva é presença constante, faz parte do cenário. Aumenta a adrenalina, atenua o calor eufórico das buzinas e das vozes anasaladas.

Depois, os carrocéis residentes: o Dragão ( = lagarta), o comboio fantasma ( um ano apareceu o comboio fantasma pedonal), o "oito" (o típico carrocel com girafas e chávenas e zebras, com a pista em "oito", ora a subir, ora a descer), a "salada russa" ( em círculo, com lombas. escolher a chávena, de preferência. só assim tem piada), os carrinhos de choque (pequenos e grandes, cujas fichas mudavam de ano para ano, para não haver putos espertos a guardá-las para o ano seguinte.....como eu, que ainda aqui tenho uma ou duas...), os aviões, o Canguru a montanha russa e os outros mais radicais (aqueles que avariam meia hora, quando está tudo de cabeça para baixo).

Quando abria a Feira (e começava a chover mais do que já tinha chovido), a miudagem agitava-se, os paizinhos enchiam-se de paciência, compravam uns Aspegics e uns Ben-u-rons extra, equipavam-se de kispos, guarda-chuvas, galochas (porque a lama também era constante, claro está) e cachecóis e lá iam todos. E eu também. Com o pai, que na altura era magro e cabia nas cadeiras e nas protecções de metal-tamanho único. E era a loucura. Começava pelo Dragão - que tinha uma descida vertiginosa + curva apertada (e corria sempre para a cauda, porque dava mais "pica"). Depois, ia para os aviões, que o pai tão bem comandava, para cima e para baixo, o mais rápido que podia, até o dono lançar olhares ameaçadores "olha que isso não é para abusar e se queres emoção tenho ali uns primos muito engraçados atrás que te dão a emoção toda num sítio que a gente bem sabe...". Os carrinhos de choque, para pânico da mãe, porque já vira gente a ficar com sérios problemas por menos e "faz tão mal à cervical". E por aí fora, até começar a espirrar. E, todos os anos, eu sentia a minha coragem aumentar, as minhas glândulas a pedir mais segregação e lá experimentava a novidade do ano (ainda me lembro da montanha-russa....e do olhar superior que esfreguei nos putos na fila para o Dragão).

Até que houve o ano do Canguru. E aí, tudo mudou. Um trauma. Eu disse "vamos!", o meu pai torceu um pouco o nariz, não pelo eventual perigo, mas porque a barriga já tornava as viagens mais incómodas. Mas fomos. Eu tinha o estômago na boca, o pai fez um esforço para encolher a barriga para as costas, e entrámos. E começou. Para cima e para baixo. Loucos saltos. Molas fortíssimas. Lances violentos. E eu deslizava no banco de plástico e cada vez achava menos piada. Até que, num momento de distração, ia saindo disparada. O pai agarrou-me a tempo. Eu percebi que já não estava a achar graça e disse "pára!". Uma vez, duas vezes, até que os berros já eram tão grandes, que o homem teve mesmo de parar o sorridente e estúpido Canguru. E, nos dois anos que se seguiram, não entrei na Feira. Só o barulho, ao longe, das sirenes me dava a volta à cabeça e me deixava as pernas a tremer.

Um dia, umas amigas lá me convenceram a ir até à Feira "anda lá, não tens de andar em nada". E fui. Psicótica na Feira. Suores frios. Tudo olhava para mim e eu tentatava não olhar para ninguém. A novidade desse ano era uma espécie de cilindro que andava, muito alto, muito rápido,em movimentos circulares. Elas foram. E eu....também...

E pronto....escusado será dizer que, quando aquela porcaria começou a "bombar" realmente, eu comecei a berrar e a dizer todos os palavrões que conhecia e, desconfio, que não conhecia. O homem, contrafeito, parou a máquina, a Feira parou, a sangria saiu, muito vermelha, as amigas riram. E não mais voltei. Não mais, até ontem.

"Vamos à Feira!", disseram eles. "Não, não vamos", disse eu. "Vamos comer uma fartura". E pronto....falam-me em farturas.... "pronto, vamos..."

Mas aquilo está diferente... agora é um 3 em um: sirenes, criancinhas, imagens pseudo-eróticas pintadas a graffitti nos painéis dos carrocéis, barracas de ferragens, com martelos, enxadas, formas para bolos em forma de flor, barracas da Serra da Estrela, Peruanos, Brasileiros, Chineses....e as farturas.... o "Fernando das Farturas", néon vermelho a abarrotar de famílias lambusadas; o "Mário das Farturas", néon verde às moscas "entre, senhor, que a gente oferece duas farturas...". E ofereceu mesmo. E foi isso que salvou a noite - meia dúzia de farturas (+ duas) com muito açúcar e canela.

Feira de Março + Feira dos 28 + Feira de Artesanato + Feira Gastronómica...não há ninguém que aguente.... E, por muito estranho que pareça, acho que ainda ouvi alguém dizer "olha, aquela que manda parar o Canguru!". Ao que eu respondi com uma valente dentada numa sandes de leitão, enquanto me ria do casalinho piroso que se empaturrava de churros e Casal Garcia.


sexta-feira, abril 08, 2005

Hoje apetecia-me ser a Marilyn Monroe: vestido branco, a esvoaçar, lábios vermelhos, carnudos , um sinal estratégico, pestanas longas e negras. Entrar na flor do bairro e sussurrar ao ouvido...


...happy... birthday....to you....
...happy... birthday...to you....