terça-feira, abril 04, 2006

amarga. amêndoa.

e os estalos a soar na casa....
já não ligo.
eu sei que há dois estalos quando me rendo ao sono.
dois estalos que resistem até ao meu esgotamento. o pior é quando são três. três estalos ou quatro são suficientes para o meu desassossego. a casa estalo e eu tremo.

mas entre isto há espaço em branco. o eterno enforcamento imaginado.
ou como a erecção do enforcado, imaginada, dos que esperam o filho da puta do Godot.

como um balão de hélio.

trazemos na mão um fóssil preso ao céu.

e há um espaço em branco entre isto e o escutar a sinfonia divina.

e eu não acredito em deuses.

e os que arrogam lugar divino são severamente castigados - existem para sempre em cânticos e lamentos...

... como os corpos... nas margens de Salamina ( não me canso de dizer...insisto nesta imagem que me veio tão clara...)....como ondas mortas...

sim, como ondas mortas - contornos brancos de espuma.

Quando o homem, sentado, não ouve mais que não as estrelas

e um escutar imperceptível

de espinhos e forma lunar se impõe na noite -

de vidros e sangue sobre o mar.


Nunca pensei nada. Nunca disse nada.

Resta-me o afago terno do dia em que disse sim.

Sim à vida.


E neguei tudo.

Tudo.

Neguei tudo antes de o poder.

Antes do poder.

São tantos azuis...

são tantos azuis tão perto deste mar que eu nunca vejo.

Deste mar de que eu fujo.

Deste mar que eu extingo.

Eles lêm e eu não entendo.
Eles dizem e eu não comento.
Eles dizem e e não quero.
Eles persitem e eu sou a linha.

Há-de haver coragem nos contornos do pôr do sol que me inventei.



"Tenho uma pérola no coração (...) e não tenho a quem a deixar"
Al Berto

4 comentários:

Jéssica disse...

Adorei!

Jessica e André disse...

Jessica beu?

sangria disse...

é... como não tenho amigos liguei para o 464 464....

Obrigada Jéssica!

Jessica e André disse...

Mau.