quarta-feira, dezembro 15, 2004

Ah! Cesário, Cesário...

Eu já sou crescidinha para aceitar, sem tristeza, que há coisas em que não se pode acreditar muito. Não se pode esperar, por exemplo, que aconteça algo de verdadeiramente fantástico numa quarta-feira invernosa, na sociedade recreativa dos reformados do KGB. E, por isso, lá estava eu, no meio de uma conversa desinteressante (q.b), a beber o meu café nick-ola, a fumar o meu cigarro, calmamente, entre os apontamentos para um teste que ia ainda ser e "um bocadinho de angústia no dedo mindinho".
Quando eis que um livro perdido de um dono ainda mais perdido, me vem parar às mãos. E eu já sou crescidinha, também, para saber que livros folhear (ou não) numa quarta-feira invernosa. Mas antes de eu decidir, o livro folheou-se e abriu-se-me nisto:

" Cadências Tristes

Ó bom João de Deus, ó lírico imortal,
Eu gosto de te ouvir falar timidamente,
Num beijo, num olhar, num plácido ideal;
Eu gosto de te ver contemplativo e crente,
Ó pensador suave, ó lírico imortal!

E fico descansada, à noute, quando cismo
Que tentam proscrever a sensibilidade,
E querem denegrir o cândido lirismo;
Porque o teu rosto exprime uma serenidade,
Que vem tranquilizar-me, à noute, quando cismo!

Poeta da mulher! Atende, escuta, pensa,
Já que és o nosso irmão, já que és nosso mestre,
Que ela, ou doente sempre na convalescença,
É como a flor de estufa em solidão silvestre,
Ao tempo abandonada! Atende, escuta, pensa. "


Cesário Verde


Eu já sou crescidinha e sei que não acredito em coincidências (mas lá que as há....lá isso há!)

2 comentários:

Jessica e André disse...

E olha que as há assim deeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeste tamanho...

Chiça, até eu fiquei arrepiada.

sangria disse...

oh, musca,ae! só tu me percebes!...