Eu já sou crescidinha para aceitar, sem tristeza, que há coisas em que não se pode acreditar muito. Não se pode esperar, por exemplo, que aconteça algo de verdadeiramente fantástico numa quarta-feira invernosa, na sociedade recreativa dos reformados do KGB. E, por isso, lá estava eu, no meio de uma conversa desinteressante (q.b), a beber o meu café nick-ola, a fumar o meu cigarro, calmamente, entre os apontamentos para um teste que ia ainda ser e "um bocadinho de angústia no dedo mindinho".
Quando eis que um livro perdido de um dono ainda mais perdido, me vem parar às mãos. E eu já sou crescidinha, também, para saber que livros folhear (ou não) numa quarta-feira invernosa. Mas antes de eu decidir, o livro folheou-se e abriu-se-me nisto:
" Cadências Tristes
Ó bom João de Deus, ó lírico imortal,
Eu gosto de te ouvir falar timidamente,
Num beijo, num olhar, num plácido ideal;
Eu gosto de te ver contemplativo e crente,
Ó pensador suave, ó lírico imortal!
E fico descansada, à noute, quando cismo
Que tentam proscrever a sensibilidade,
E querem denegrir o cândido lirismo;
Porque o teu rosto exprime uma serenidade,
Que vem tranquilizar-me, à noute, quando cismo!
Poeta da mulher! Atende, escuta, pensa,
Já que és o nosso irmão, já que és nosso mestre,
Que ela, ou doente sempre na convalescença,
É como a flor de estufa em solidão silvestre,
Ao tempo abandonada! Atende, escuta, pensa. "
Cesário Verde
Eu já sou crescidinha e sei que não acredito em coincidências (mas lá que as há....lá isso há!)
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2 comentários:
E olha que as há assim deeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeste tamanho...
Chiça, até eu fiquei arrepiada.
oh, musca,ae! só tu me percebes!...
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