É uma humidade, disse ele.
É um des-sentido de tanta coisa para palavrear e sentir no irreal das flores e estendais escancarados nas janelas, discordou ela. E ficaram-se por aí, que estas coisas das poesias e das cidades não se discute, não se conhece, não se esboça fora do seu silêncio de devaneio absurdo. E, assassinando o único propósito de chuva -porque há pressentimentos que devem ser saboreados antes de serem tomados - vou sair.
Mas eu acho que ela o percebeu bem. Acho que ela pensa qualquer coisa na poesia que será também comum. É humidade.
Há sempre um não-sei-quê de desconforto frio, qualquer coisa de música, de voz, de pedras e carris onde "só o rio é real" (como citou ele, a dada altura).
Porque há sempre, afinal, este outro lugar. Esta outra força de ver as casas, o mar, as ruas.
"Vale a pena ver o mundo aqui do alto,
Vale a pena dar o salto.
Aqui vê-se tudo às mil maravilhas,
Da terra, montanhas e do mar, as ilhas.
Queremos ir à lua mas voltar,
Convém dar a curva sem se derrapar,
Na avenida do luar.
(...)"
-S.Godinho-
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