sexta-feira, outubro 24, 2008

as palavras são estas

"rectas,secas, mortas - quando do ritual nos desabituamos, todo ele nos assusta como uma nova morada. da fala, de quando em quando vem a vida, como sabe (...)mas não sujo de nada as palavras novas que semeio ainda. não conto o tempo em que elas caberão, mas o tempo que em mim ocupam, serenas e frias como a tempestade que eu sou - como um ritual que depressa sentimos e todo ele nos move e assusta (...)Do silêncio, não recuso a raiva nem a ternura nem a morte. Não recuso a razão, mas não lhe entendo bem as teias - como um ritual antigo que nos assusta e nos entrelaça. Da noite, escolho bem os cantos e não ouso cantar-lhe mais alto. Anseio como se anseia um desejo - com a calma do que se decide com ignorância."

Deixe só que as coisas sejam assim - até ao ódio que nos quisermos dar.
Estendo as mãos vazias e é só isso. Elas encher-se-ão do que for. E é isso. As minhas mãos, como as palavras: brancas e inexistentes - não do vazio que nelas se vê, mas na esperança que nelas se procura. As minhas mãos, como as palavras, não se apagam nem escondem com a cobardia das lâminas. Gravam-se. Agravam-se. Retêm-se. Assim se decide o belo e o inteiro.

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